quarta-feira, 4 de julho de 2012

BOLHA NOS PÉS E...

BOLHA NOS PÉS
A bolha aparece quando há atrito entre pés, meias, tênis e o solo. É mais comum em regiões em que o osso está saliente, como nos calcanhares e no dedinho. Ela se forma quando uma camada de pele se descola (por causa da fricção) e enche de líquido, geralmente incolor. Caso algum vaso sangüíneo rompa no descolamento da pele, a bolha enche de sangue.
O que fazer?
Os dermatologistas recomendam que a bolha seja estourada apenas se causar dor. O ideal é pegar uma agulha de seringa descartável, fazer um pequeno furo na base da bolha e drenar o líquido. É importante não retirar o teto (a pele), já que ele serve como curativo biológico e protege contra infecções.No caso da bolha de sangue, se estiver dolorida deve ser furada logo nas primeiras horas após a formação."Senão o sangue coagula e só sai se for retirado também o teto da bolha", explica Patricia Chinelli, dermatologista do Hospital das Clínicas da USP. O atleta pode usar um cicatrizante com antibiótico, que combate bactérias e cura o ferimento mais rápido. Ele só precisa procurar um médico quando houver sinal de infecção, ou seja, quando a região da bolha estiver quente, muito vermelha ou com secreção amarela (pus).
 E a corrida?
"O ideal é que, enquanto estiver com bolhas, a pessoa fique em repouso, como em qualquer caso de ferimento", diz a dermatologista Ediléia Bagatin, do departamento de dermatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O médico Milton Mizumoto, ortopedista especializado em medicina esportiva e diretor médico da Corpore (Corredores Paulistas Reunidos), recomenda colocar um bandaidsobre a bolha, passar vaselina sobre o bandaid,enfaixar a região com uma camada de esparadrapo do tipo micropore, passar vaselina sobre o esparadrapo e colocar uma meia nova de algodão, bem macia. "Desde que faço isso, nunca mais tive problemas para correr", diz o médico, que já fez 26 maratonas e cinco ultramaratonas. Existem também protetores especiais para os dedos, feitos de silicone e espuma, à venda em lojas de podologia. Carlos Eduardo Lefèvre, o Cadu, especializado em psicologia esportiva, já correu provas de longa duração em situações de extremo desconforto, como a Desert Cup (220km na areia do deserto da Jordânia). Quando tem bolhas, passa um produto importado chamado second skin, que provoca um efeito de endurecimento da pele parecido com o da cola superbonder.
Como prevenir?
Apesar de serem muito comuns, é possível evitá-las. "Sabendo escolher o tênis e a meia, o atleta diminui a chance de ter bolhas", garante Cláudio Castilho, presidente da Associação dos Treinadores de Corrida de São Paulo (ATC). ( leia o quadro) Cadu nunca usa um par de tênis novo nas provas. "Amacio muito o calçado antes, para ele ganhar o formato do meu pé",diz. Ele garante que não teve uma bolha na Desert Cup. "O mais importante foi eu ter colocado duas meias de algodão", conta. O atrito que ocorreria entre a meia e a pele ocorreu entre as duas meias., por isso o pé saiu preservado. Mizumoto investe em mais proteção. Ele recomenda colocar micropore em volta de todos os dedos do pé, deixando as pontinhas para fora. Depois, passar vaselina sobre o micropore. O mesmo deve ser feito no meio do pé e no calcanhar.
O dermatologista Michael Ramsey, especializado em medicina do esporte e professor de dermatologia do Centro Médico Penn State Geisinger, da Pensilvânia (EUA), dá mais uma dica: usar desodorante para os pés (em talco ou spray) para diminuir o suor, pois a umidade favorece a formação de bolhas.

CALOS
 Outro problema reincidente entre os atletas são os calos. Eles também se formam por atrito na pele, em regiões de ossos salientes. A diferença é que, se o atrito for muito forte, a pele descola de vez e forma-se a bolha. Se o atrito for leve, mas repetido várias vezes, forma-se o calo. "O organismo produz mais camadas de células com queratina na região em que há o atrito repetido. Por isso, pode-se dizer que o calo é uma reação de proteção do organismo”, explica a dermatologista Bertha Tamura, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e médica do Hospital das Clínicas.
O que fazer?
Como a bolha, o calo só deve ser removido se provocar dor. Para isso, há cremes que amolecem as camadas de queratina e facilitam a extração. Mas os médicos não recomendam a retirada total do calo, já que a pele pode ficar muito fina e mais fácil de romper.
E a corrida?
Calos não costumam atrapalhar os corredores, com exceção de quando provocam dor. Nesses casos, tirar parte do calo costuma resolver.
Como prevenir?
Correr com tênis e meias adequados é a melhor forma de evitar o calo.

MICOSES E FUNGOS
O pé do atleta produz muito suor por causa dos intensos treinamentos e das longas corridas. A situação é agravada pelo uso do tênis, que impede que a transpiração evapore. Esse é o ambiente perfeito para a proliferação de fungos. O resultado, bem conhecido de muitos corredores, são as micoses, também chamadas de frieira ou pé-de-atleta.
O que é?
As micoses são fungos que deixam a região avermelhada, a pele esbranquiçada, úmida e provocam coceira. São mais comuns entre os dedos, mas podem também atingir as unhas e a planta dos pés.
O que fazer?
Em todos os casos de fungos, o ideal é procurar um médico, que irá indicar o tratamento mais adequado. Os remédios para micose devem ser tomados ou aplicados em quantidade específica e por um período específico, portanto nada de copiar o tratamento daquele seu amigo que teve uma micose. Se o combate não for feito de forma rigorosa, os fungos podem se tornar resistentes ao remédio e muito mais difíceis de serem eliminados.
Como prevenir?
De acordo com o dermatologista Márcio Rutowitsch, o atleta deve cuidar bem da higiene dos pés. "Eles devem ser lavados com água e sabonete e esfregados com uma escovinha", diz. Após o banho, o atleta deve secar bem entre os dedos e pode apelar até para um secador de cabelos. O tênis também merece uma atenção especial. Quando voltar dos treinos ou da corrida, coloque o calçado para secar ao sol. O tênis deve ser lavado com água e álcool para eliminar eventuais microrganismos.
As meias podem ser de algodão, que absorve o suor, ou de tecidos especiais que "sugam" a umidade, como as dry-fit.

QUEDA DE UNHAS
A queda das unhas dos pés é outro ponto fraco do corredor e geralmente ocorre quando o calçado está apertado ou por causa de pressão da meia. A dermatologista Bertha Tamura explica que a unha cai por causa de traumas constantes sobre a matriz (região onde nasce a cutícula) e sobre a placa da unha (área sobre o dedo).
O que fazer?
Caso o atleta perca a unha, ela pode ser substituída por órteses acrílicas, colocadas por um podólogo, especialista no tratamento dos pés.
E a corrida?
Nada impede que o atleta continue correndo sem unha. Em caso de dor ou sangramento, as órteses resolvem o problema. “Nunca deixo meu pé sem unha, porque incomoda e porque é muito feio”, afirma Fernanda Keller, que corre há mais de 20 anos, venceu o Ironman Brasil 2004 e já correu 17 vezes uma das provas mais difíceis do mundo, o Mundial de Ironman do Havaí.
Como prevenir?
“Sempre perco uma, duas unhas por ano", conta Paulo Alves, de 27 anos, campeão dos dez quilômetros do Brasil, realizado dia 25 de julho em São Paulo. Ele corre há dez anos profissionalmente e usa uma fórmula caseira para evitar o problema. “Costumo passar vaselina sobre os dedos para diminuir o atrito", conta. O presidente da Associação Brasileira dos Podólogos, Celso Luiz de Freitas, recomenda que os atletas mantenham as unhas sempre cortadas e lixadas. O ideal é manter a parte branca (a região que não fica colada na pele) com um milímetro de comprimento. Para evitar que as unhas encravem, é recomendável lixar no formato quadrado, sem retirar os cantos. Comprar tênis de tamanho adequado (com pelo menos um dedo de folga na frente do dedão) também é fundamental.

CHULÉ
O mau cheio dos pés é causado pela proliferação de bactérias, principalmente em ambientes úmidos.
O que fazer?
O corredor pode usar talcos comuns ou produtos específicos contra o mau cheiro nos pés.
Como prevenir?
Além de lavar e secar bem os pés, o corredor deve usar
  • PRESTE ATENÇÃO NA HORA DE ESCOLHER TÊNIS E MEIAS
  • Experimente o calçado em pé, porque nessa posição o pé fica mais volumoso
  • Deixe sobrar um dedo (1,5 cm) na ponta do calçado
  • O tênis não deve apertar em nenhum lugar. Um pequeno desconforto na loja será pior depois de algumas passadas
  • Prefira comprar tênis no fim do dia, quando os pés estão mais inchados
  • O pé incha com o calor. Se o tênis for justo, compre um maior
  • Não compre tênis de couro
  • Quem sua excessivamente deve escolher um calçado com mais ventilação, como os que têm tecidos com furinhos
  • Não use tênis molhado para correr
  • Nunca use um tênis novo na prova
  • Meia de cano curto pode escorregar e pressionar o calcanhar, causando bolhas
  • Meias para corredores não têm costura na frente
  • Prefira meias de algodão ou as criadas especialmente para corrida, como a dry-fit. Algumas têm tecidos especiais com propriedade antibactericida.
Fonte: Revista O2.

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